terça-feira, 14 de agosto de 2012

Evangélicos na política: atuação em proveito próprio

Rev. Charles Alcântara
Pastor Segunda Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte
 

O escritor Paul Freston em sua pesquisa sobre a atuação dos evangélicos na politica, relata que muitos políticos que se elegem com o apoio de determinados segmentos evangélicos estiveram ou ainda estão no centro de polemicas e escândalos envolvendo corrupção e desvio de dinheiro publico. Podemos nos lembrar do mensalão e da máfia das sanguessugas que desviaram milhões de reais que poderiam ser utilizados na melhoria da saúde e da segurança e foram utilizados para “pagar” deputados e para compra de ambulâncias que nunca transportaram um só doente. Nas eleições de 2010, a bancada evangélica cresceu de 7,2 para 11,2%, de 46 para 66 deputados e senadores. Diante desses números e desses fatos, somos levados a refletir sobre a contribuição (ou não) dos chamados “políticos evangélicos” na melhoria das condições sociais e humanas do nosso povo. Se partirmos do que a imprensa tem noticiado, notamos que sobre os políticos evangélicos pesam acusações de estarem envolvidos em escândalos que envolvem o uso maquina publica em proveito próprio ou de terceiros. Aqueles que com sua ação positiva deveriam influenciar de forma positiva seus pares acabam por se tornar motivo de escândalo não só na sociedade, mas para o próprio evangelho.

O mínimo que esperamos do dito “evangélico” é uma conduta moral acima da média. Que ele com seus valores, influencie de forma positiva aqueles que estão a sua volta, de forma a contribuir para dirimir o sofrimento humano. Os cristãos são chamados por seu senhor a ser um farol na escuridão humana buscando através de sua ação baseada no amor a Deus e ao próximo responder a angustia da alma humana. segundo dados do IBGE, os evangélicos representam hoje 22% da população brasileira e mesmo com este crescimento acelerado identificado a cada novo senso, sua influencia não tem sido capaz de transformar os valores de sua sociedade. Vemos igrejas abarrotadas de fieis em busca da solução de seus problemas proclamando que vivemos tempos de avivamento, um apocalipsismo que beira a histeria. A cada dia proliferam canais de radio e televisão controlados por grandes corporações ditas evangélicas que mais parecem empresas comerciais onde cada fiel é reconhecido por seu numero de inscrição. Evangélicos são eleitos a cada pleito nas diversas esferas do poder publico como sinal da “benção de Deus”. Mas a cada dia aumenta o numero de miseráveis em nossa terra amada, o tão propalado avivamento não tem produzido melhorias na sociedade, mas sim, uma geração de crentes alienadas escrava dos interesses de alguns grupos, alheia ao sofrimento humano.

Jesus disse: “o bem que fizer a um desses meus pequeninos a mim o fazeis”. Será que realmente compreendemos nosso papel como sal e luz no meio de toda essa escuridão de valores que vivemos? Diante de tudo isso, qual sentido tem os evangélicos na política se eles assim como os lideres de hoje só compreendem a dimensão do reino de suas portas adentro e não se importam com milhões que sofrem fora de suas portas. Cristãos sinceros e prontos a responder com amor ao próximo são bem vindos e necessários em qualquer esfera de atuação seja ela política, social ou cultural desde que não tentem impor pela força seus valores e crenças, mas demonstrem por sua ação e testemunho os verdadeiros valores do reino. Abra o olho, novas eleições vêm por ai.

Soli Deo gloria!!!

fonte: boletim de 29/07/12 - também publicado em no espaço do leitor da revista Ultimato

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